Este álbum chega como um sopro de ar puro na discografia de Cash — um registro quase bíblico, em que o velho “Man in Black” aparece sentado diante de sua história, com apenas um violão na mão, cantando sobre dor, redenção e memórias. É como se cada acorde ecoasse numa caverna de lembranças e cicatrizes, revelando o homem por trás da lenda.

As faixas transmitem um tipo de solidão que, em vez de entristecer, enriquece — especialmente quando remetem às colaborações com Tom Waits e Glenn Danzig, que trazem camadas de espiritualidade e ironia. Musicalmente puro e emocionalmente cru, American Recordings não reinventou Cash: ele se reinventou — despido, íntimo e mais vital do que jamais esteve.

Johnny Cash – voz, violão acústico